Pois era mesmo assim que se encontrava o Altice Arena, no passado sábado, dia 11 de maio: a abarrotar! Não só dos fãs mais “antigos” – os que viveram a sua infância e adolescência nos anos 90, os que cresceram com os temas desta banda pop como pano de fundo para as suas vivências de juventude – como também por pessoas que são hoje adolescentes – provando que o trabalho artístico de música pop dos Backstreet Boys conquista e atravessa várias gerações (pelo menos quase três décadas).
Facto é que a boysband que nasceu em 1993 – mas cujo auge de popularidade se registou entre 1996 e 2002 – amadureceu. É agora feita de homens, mas que ainda se apresentam com toda a energia e groove de uma boysband para adolescentes. Uma energia incrível, contagiante e imparável do início ao fim. E é assim que, 26 anos depois, continuam não só a produzir música pop de excelência (o seu mais recente álbum, DNA, lançado o ano passado, foi uma boa surpresa), como a juntar multidões que deliram com as suas letras, beats e coreografias, diga-se de passagem, extremamente bem sincronizadas.
Portugal foi o país escolhido para a estreia desta tour mundial, e que honra a nossa poder abrir uma série de concertos que, temos a certeza, conquistarão muitos corações pelo mundo fora, como conquistou os nossos nesta noite.
O espectáculo abre com nuances (samples musicais) de um dos temas mais badalados da banda, “Everyone”. Nuances que, talvez, só os fãs com ouvido mais apurado conseguiram reconhecer, enquanto em dois ecrãs gigantes apareciam imagens da banda. “Everyone” foi, na verdade, um tema lançado em 2000 e dedicado inteiramente aos fãs da banda, agradecendo aos mesmos o facto de os manterem sempre no topo – de acordo com o Guinness Book, os BSB são a Maior Boy band de Todos os Tempos com mais de 135 milhões de álbuns vendidos. Assim, nenhum outro tema poderia ter sido mais apropriado para a preparação da entrada da banda.
A plateia estava ao rubro desde este primeiro momento de suspense, e o êxtase foi total aquando da “aparição” de Nick Carter, Kevin Richardson, Brian Littrell, Howie Dorough e AJ McLean que cantam, em uníssono, num coro perfeito que ecoou pelo pavilhão, o início de “Be With You”, tema escolhido para abertura, do álbum homónimo à banda, lançado em 1997.
Da parte de trás do palco, vêm para a frente e os temas “The Call” e “Don’t Want You Back” (tema icónico) fazem-nos viajar de volta ao final dos anos 90 e início dos anos 2000. As coreografias, extremamente bem coordenadas entre os cinco elementos, pejadas de sexappeal, e os mingles das suas vozes, com solos intercalados com coros, só provam que não perderam o jeito para a coisa – talvez até, pelo contrário, o aperfeiçoaram com o passar dos anos.
Após esta viagem no tempo a alguns dos seus hits mais famosos, é a vez de Nick brilhar com uma pequena intervenção a solo, desta feita com a primeira apresentação de um tema do novo álbum, DNA: “Nobody Else”. Um solo que faz arrepiar, mas que se fica pelo início, como que um sneak peak do que “aí vem”, passando diretamente para um dos temas mais catchy também deste mais recente disco, “New Love” – com uma base line muito funky, linhas de flauta em tom alegre e muito sui generis, num tema que é uma reciclagem compelta do que os Backstreet Boys sempre fizeram de melhor. Depois deste momento, voltamos momentaneamente aos anos 90 (mais precisamente a 1997), com o tema “Get Down,” para, logo depois, um dos temas de DNA, “Chateau”, a solo por Howie – que desaparece, por fim, para o interior do palco. Um autêntico loop de viagens no tempo, com dinamismo e vivacidade imparáveis, incansáveis, que mostraram ter o tempo todo!
Por esta altura, já as emoções eram bem fortes. Entre os hits mais antigos (numa onda bem marcada de nostalgia e revivalismo) e algumas amostras dos temas mais recentes, já não sabíamos bem o que esperar – tudo era uma surpresa, tudo podia acontecer! Tanto que, para segunda parte, aparece num dos grandes ecrãs “BSB Presents: DNA” para depois interpretarem as antigas “Show Me The Meaning Of Being Lonely”, “Incomplete”, “Undone” (estas duas últimas, por sua vez, já mais recentes, lançadas em 2005 e 2009, respetivamente), “More Than That”, “Shape Of My Heart”, “Drowning”, entre outros temas tão hype. Entre estes – neste, lá está, constante back&forth – “The Way It Was”, “Chances” e “Passionate”, três temas do novo disco. Em “Passionate”, particularmente, a loucura foi total, não fosse este o tema definitivamente mais funky do álbum.
É de destacar que, ainda que mantenham aquele toque extremamente jovial, as canções de DNA têm um tom bastante mais maduro, comprovando não só o crescimento da banda em si, como também a sua notável capacidade de atualização e adaptação; estes temas são contemporâneos, bem integrados no panorama musical dos dias de hoje, mas sem nunca deixar de ter aquele toque “oldschool” a que os Backstreet Boys sempre nos habituaram.
E cantámos. Cantámos em uníssono, cantámos de cor, as letras na ponta da língua, de uma ponta à outra, e se dependesse de muitos fãs, com certeza muitos não se importariam de fazer duetos com eles! As cinco vozes de Nick, Kevin, Brian, Howie e AJ combinam tão bem, são tão harmoniosas juntas, e a forma como conjugam os solos com os coros, as vozes principais conjugadas com as segundas vozes e backvocals, é soberba. Com certeza muitos dos fãs saíram deste concerto roucos de tanto cantar. O tema no qual isto foi mais notório foi mesmo em “Breathe” (outro dos novos temas), cantado completamente em acapella, tal como o é no álbum. Neste tema, os BSB elevaram-se no palco e elevaram-nos o espírito com tal perfeição vocal.
Para além de serem excelentes cantores e compositores, são também performers exímios: sempre em contacto com o público, sempre a meter-se com quem teve a sorte de estar mais próximo do palco, a interagir e a, literalmente, namoriscar com o público – com acenos, dar as mãos às fãs, piscares de olhos e até mesmo fazer brincadeiras para as câmaras dos muitos smartphones que tinham apontados na sua direção (não fosse esta uma banda dos anos 90 a atuar em pleno século XXI – hoje, já não os recortamos os seus posters das revistas Super Pop e Bravo, mas postamos fotos e vídeos no Instagram com a hashtag #BackStreetBoys).
Baladas como “As Long As You Love Me”, “Don’t Wanna Lose You Now”, “I’ll Never Break Your Heart” e “All I Have To Give” são apaixonantes e arrebatadoras, capazes de derreter qualquer coração mais mole, e com bastantes influências jazz e blue/R&B que fazem, por vezes, lembrar outra icónica banda de música pop, Boys II Men.
“Everybody” foi, claramente, o ponto mais alto da noite, não fosse este também um dos hits mais populares e virais de sempre da banda. Afinal, quando se pensa em Backstreet Boys, e mesmo para quem não é fã, quem não se lembra imediatamente da famosa line “Backstreets Back, Alright!”? As não menos extravagantes (no bom sentido) “We’ve Got It Going On”, “It’s Gotta Be You”, “That’s The Way I Like It”, “The One” e a famosíssima “I Want It That Way” (com direito, também, a karaoke por parte do público), seriam os temas que viriam a fechar este extraordinário concerto.
Isto, claro, até aoencore – que combinou com a tónica de todo o espetáculo, com a apresentação de um tema novo, par a par com um dos mais antigos. Do novo álbum, “Don’t Go Breaking My Heart” foi a escolhida, sucedendo-se a “Larger Than Life” (1999). Dois temas que, ainda que separados por 19 anos, são igualmente explosivos – e que, com direito a um mini fogo de artifício e lançamento de confettis, proporcionaram um final à grande e, à falta de melhor palavra, musicalmente orgásmico!
Foram duas horas de concerto, 31 temas mais dois de encore – pudera, são 26 anos revisitados! A distribuição dos temas pelo tempo do espetáculo, o facto de terem aproveitado as passagens e as mudanças de roupa para passarem samples de alguns dos temas que não interpretaram na totalidade, além das constantes oscilações entre hits mais antigos e os temas do novo álbum, foram jogadas de génio que nos deixaram em completo delírio. Um concerto nostálgico, épico e mágico.