terça-feira, 24 de julho de 2018

Super Bock Super Rock 2018 | The The: Matt Johnson e a sua génese

Review do concerto de The The, no festival Super Bock Super Bock 2018, para o site Echo Boomer.
Autoria: João Cunha

Super Bock Super Rock 2018 | The The: Matt Johnson e a sua génese

Disse Matt Johnson, o frontman e mente por detrás dos The The – grupo nascido e crescido nos 80’s, dos quais soube aproveitar uma série de boas referências – que a primeira cidade que tem recordação de visitar é, precisamente, Lisboa, numa visita com os pais. Pois nós já praticamente não tínhamos recordação da última passagem deste por terras lusas: são precisos 18 anos para regressarmos à última atuação dos The The em terras lusas – inseridos no Paredes de Coura – ou ainda uns bons 29 anos (1989!) desde um concerto no Coliseu de Lisboa. Estas datas traduzem-se numa plateia cuja média de idade já traz alguma história, não obstante um ou grupo outro jovem que, incrível e genuinamente, vibrava com igual intensidade. 

No ano passado, Matt Johnson voltou a montar o seu ensemble para um novo single (“We Can’t Stop What’s Coming”) e acaba por dar azo a uma tournée onde se inseria este concerto dado no Palco EDP. Munidos de uma discografia que, claramente, poderia ser dividida em mais que um concerto best of, os The The deram um bom espectáculo, muito bem executado e sem quaisquer subterfúgios. Tendo seis álbuns para percorrer – e sendo os primeiros três os mais desejados (presunção de autor!) seria de esperar que o concerto se focasse nestes. 

Abrindo a performance com “Global Eyes” – dum, talvez, menos amado Nakedself editado em 2000 – foi isso mesmo que transmitiram: a obra dos The The não se cinge apenas aos temas mais antigos e que há canções (algumas sublimes!) que fizeram de Matt Johnson e os seus The The nomes incontornáveis da cena alternativa britânica dos anos 80. 

Com uma visível boa disposição, Matt Johnson mostrou que, incrivelmente mais de 30 anos depois de se estrear, a sua voz continua a debitar-nos a sua magia – a força que guia as melodias dos The The – e que estes temas continuam a encaixar-se em temas extremamente atuais, com uma sonoridade que se preservou muito bem (nuns casos mais que outros).

The The no Super Bock Super Rock 2018

Ao segundo tema “Sweet Bird of Truth” (do álbum Infected, 1986) Matt Johnson lembra-nos que, nesta altura, o envolvimento dos EUA no Médio-Oriente era também tema emergente da altura, servido num pop-post-punk altamente viciante. Não nos proporcionando a mesma riqueza das versões em estúdio, todos os temas foram tocados irrepreensivelmente mostrando que o grupo vinha bem preparado. 

Fomos ainda servidos com algumas raridades – neste caso um single perdido – com “Flesh and Bones” (1985) e ainda temas dos álbuns Mind Bomb (1989) – singela aparição de “Armaggedon Days Are Here (again)” – e Dusk (1992), para além de outros temas dos álbuns acima citados. Pelo meio houve ainda direito à brilhante dicotomia ditada pelas “This Is The Night” e “This is The Day” – sendo esta a primeira, e também mais famosa, incursão pelo álbum de estreia Soul Mining (1983). 

Chegados à parte final, esperava-nos uma fabulosa tríade: “Infected”, “I’ve Been Waitin’ For Tomorrow (All of My Life)” e “Uncertain Smile” – onde, com alguma desilusão, se nota que a mistura de som não foi a melhor, pois o espetacular solo de piano (uma obra-prima composta e tocada por Jools Holland no original) esteve, apesar de bem executado, assoberbado pelo som dos restantes instrumentos. Ainda assim, a chave de ouro. 

Dadas as poucas oportunidades que tivemos de os ver, penso que os The The cumpriram a quem os desejava voltar a ver, ou – tal como o autor – nunca os tinham visto. Ficaram a faltar outros grandes trunfos – “The Sinking Feeling”, “Good Morning Beautiful” ou “Out Of The Blue (Into the Fire)”, só para citar alguns – que fariam este concerto mais grandioso, mas tais composições têm sido deixadas à parte nesta tourneé. Talvez Matt Johnson não estivesse para aí virado. 

Maybe next time…


terça-feira, 10 de julho de 2018

Christina Aguilera - Liberation | Album Review

Aviso à navegação: esta review está longe de ser imparcial. :P


Finalmente chegou o tão aguardado oitavo álbum de estúdio de Christina Aguilera! Como uma das minhas artistas favoritas de sempre, desde o Stripped (que ouvia, cantava e sabia de cor de trás para a frente, aos 12 anos de idade, e ainda hoje, aos 28, é dos meus álbuns de eleição e não dispenso cantar uma boa “Walk Away” com ela), não o ouvi de imediato assim que saiu, mas nas últimas duas semanas não tenho ouvido outra coisa. Tinha de o conhecer ao detalhe!

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Para mim, o melhor álbum dela foi mesmo o Stripped e ainda não foi este seu mais recente trabalho que tirou o outro do primeiro lugar no pódio. Também adorei o Back to Basics mas, depois, o Bionic e o Lotus foram uma regressão. Nunca me convenceram a 100%, por mais que tentasse. Então, a expectativa era alta para este novo trabalho – Liberation – mas sempre com um pé atrás.

Surpreendeu pela positiva, mas ao mesmo tempo, deixou um pouco a desejar em alguns aspectos. Há músicas que amo e outras que não me dizem nada (e, ainda, uma que detesto mesmo). Mas de um modo geral, gostei muito deste álbum, só acho que tem poucas músicas. 15 músicas, em que 4 são intros; então, só dá 11 músicas completas. Chego ao fim do álbum com vontade que houvesse pelo menos mais 3 ou 4.

Mas antes de ir já para o que falta no fim, comecemos pelo início!

Liberation

Interlude bonito, mas é só isso (já foi feito, já foi ouvido, está uma introdução bonita mas não passa muito disso; gostava que tivesse mais a voz dela, em vez de ser só instrumental – tipo o interlude Love Embrace, por exemplo).


Searching for Maria & Maria
Incluo estas duas faixas numa só, visto que a primeira é o interlude da segunda. Maria reflecte o sentimento de Christina (cujo segundo nome próprio é Maria) de se ter perdido de si própria ao longo do tempo. No Twitter, a artista partilhou que “Maria is a homage to the lost side of herself”. Enquanto que, em Stripped, a ideia que imperava era a de ser ela mesmo enquanto artista (contrariando o ter começado a sua carreira ao vender a sua alma), ao longo da sua carreira acabou por se perder um pouco e agora procura novamente o espírito dela. Recorrendo à personagem de Maria do filme The Sound of Music (A Música no Coração, em português), utiliza-a como uma metáfora para uma versão mais jovem e inocente de si mesma, reflectindo sobre o impacto que uma vida sob a luz dos holofotes teve sobre ela, trazendo uma espécie de crise de identidade provocada pela fama.

All my life, wouldn't give up
Was too young to know the difference
How did I get so low?
When did I turn so cold
Inside of my own mind, I believe my own lies
I'm facing the mirror

Where, where, where is Maria?
Why, why, why don't I see her?
I, I just wanna see her
Why, why, why don't I see her?
I, I just need to see ya, Maria


Definitivamente, um momento introspectivo. Em termos sonoros, na minha opinião, é uma das melhores, senão mesmo a melhor faixa do álbum. É completa em todos os sentidos, e em certos momentos até me remete um pouco para a sua faixa Mercy (do álbum Back2Basics), com alusões a um ser divino e a uma espécie de salvação (“Oh, my lord / Can you take away this heavy load? / I can't carry it anymore / I'm callin' an angel, where is my saviour"). 

Em termos de voz, nem vale a pena destacar muito mais que, para mim, é a melhor voz pop de sempre. Algo que está bem presente no grito quase de revolta dela na bridge "Can you hear me calling? My whole world is falling!".

Dificilmente alguém a conseguirá suplantar neste campo. A voz dela é simplesmente per-fei-ta. Sem qualquer imparcialidade da minha parte! :P

Sick Of Sittin'

Aqui está a única música deste álbum que simplesmente não gosto nada. Numa tentativa de ter uma Fighter neste álbum também, mas Sick Of Sittin' não chega aos calcanhares de Fighter. Então, não tendo nada de bom a dizer, não direi mais nada...

Dreamers

Mais uma intro, com diversas vozes de crianças a dizer o que querem ser quando crescerem. Achei fofo, mas só isso. Não é uma música. Faz sentido, though, preceder a faixa seguinte...

Fall in Line

E duas rainhas juntaram-se e fizeram magia, nesta canção em conjunto com a não menos diva Demi Lovato! Outra faixa que, para mim, é das melhores do álbum. O movimento #MeToo está aqui bem presente, com uma mensagem bem forte de empoderamento feminino – assim, no seguimento de Dreamers, Aguilera e Lovato cantam a plenos pulmões que não foram feitas para simplesmente ficarem “na linha” (“I wasn’t made to fall in line”). Um incentivo a que corramos atrás dos nossos sonhos.

Ainda que Demi seja, também ela, uma pop star de excelência, nesta música a voz de Christina claramente acaba por dominar bastante. Lá está, dificilmente alguém suplanta a rainha Christina. E eu gosto imenso da Demi, também.

Right Moves

Depois de um início de álbum bem introspectivo, surge uma faixa bem mais light, com uma vibe meio hazy e com muitas influências reggae. Um pouco como "Get high on the beach" de Lana del Rey. É uma música girinha, mas que fica longe de me deslumbrar.

Like I Do

Esta foi amor à primeira audição. Aquele início bem prolongado, aquela vibe badass que eu gosto tanto nela, o facto da voz dela só entrar após o primeiro minuto completo e ser uma lufada de ar fresco. A referência ao grande Marvin Gaye e a sua tão famosa música “Let’s Get It On”. A voz dela utilizada de forma doce mas fierce ao mesmo tempo, as estrofes em rap de GoldLink, aquela batida constante, aquele sintetizador ousado. É uma música extremamente bem conseguida, do início ao fim, completamente viciante – daquelas que oiço em repeat, repeat e repeat sem me cansar!

Deserve

À semelhança de Masochist (que vou falar mais à frente, mas que referencio agora pois são duas faixas que, a meu ver, são equiparáveis), Deserve é uma balada eletrónica minimalista. Nada de extraordinário, mas bonitinha, catchy, que fica no ouvido. A-doro o efeito da voz dela nesta faixa.

Twice

Absolutamente uma das melhores faixas deste álbum. Com um início em acapella que me faz arrepiar sempre, começa o piano e as lágrimas querem rolar. Nem consigo descrever o quanto esta música me toca, a sério. A primeira estrofe, só a voz dela e o piano, e finalmente o refrão, em coro. A letra, extremamente triste e angustiosa, de quem “encontrou o preço do amor e perdeu a cabeça”. Continuo a achar que é nas baladas que Christina é melhor. Aquela voz tão suave quando tem de ser, e tão cheia e powerful quando tem de ser também. Mesmo só em acapella esta música seria fabulosa. Não adoro, AMO!

I Don’t Need It Anymore

Outra intro, só em acapella, e em coro. A line “I Don’t Need It Anymore” já tinha sido incluída na faixa Sick Of Sittin' mas escusado será dizer que, para mim, fica bem melhor neste interlude :P

Accelarate

Christina trying to be 2018. Well, she tried and she did it. Aqui está uma faixa extremamente atual mas que, a meu ver, não foi um tiro certeiro para ela. Bom, tenho mixed feelings! A primeira vez que ouvi na rádio, pensei, “Isto é a minha Christina?”. Muito básico. Gosto do embalamento e da melodia da estrofe “I be with my ladies you can find me there / Try to play us, we gon' start a riot up in here”, gosto (bastante) da bridge em rap de 2 Chainz, gosto muito da segunda bridge com aquele “Uh Uh Uh” básico e sintetizadores a acompanhar e adoro o final (os últimos 20 segundos).
Mas detesto a voz meio drunk do Ty Dolla $ign ali pelo meio da voz dela, acho a música pouco melódica, não acho piada ao refrão e acho a letra muito básica. Portanto... Ok, é um hit de rádio atual com alguma piada, mas fica-se só por aí. É que ela é capaz (e como o mostra noutras faixas deste álbum) de muito melhor.

Pipe

Sexy do início ao fim. Muito smooth, muito RnB, muito aliciante. Aquela batida constante e deliciosa. Não é das melhores, though! É das poucas canções em que Christina não puxa pela voz, mantendo um registo sempre estável e muito suave.

Masochist

Como já tinha referenciado mais acima, equiparando a “Deserve”, outra balada eletrónica. Desta feita, com uma letra que remete para a submissão dela em se deixar dominar por alguém que a magoa, culpabilizando-se por isso, sendo assim, some kind of masochist. “Cause loving you is so bad for me, but I just can’t walk away”.

Em termos de letra, sempre que oiço esta música lembro-me da sua icónica (e uma das minhas favoritas do álbum Stripped) música Walk Away. Parece ser uma constante, na vida de Christina, o dilema de estar em situações dolorosas das quais não consegue sair, não é? :P

Unless It’s With You

Mais uma que está no meu top 3 de melhores faixas deste álbum. Esta canção é, simplesmente, perfeita, para mim.

Em termos de letra, e apesar de ser na sua generalidade bastante “cliché” em termos de cheesyness de uma lovesong, gosto do twist do título e do final do refrão: “Cause I don’t wanna get married, unless it’s with you, unless it’s with you”. Podia ter dito simplesmente “I only wanna marry you”, mas inverteu a letra para passar a mesma mensagem.

A voz dela aqui, mais uma vez, completamente flawless. O que para muitos é “gritaria” (e compreendo), para mim é a melhor voz pop do mundo a manifestar-se em todo o seu esplendor.

E os coros e todo o ambiente de balada pop romântica dos anos 90 (em muitas coisas me faz lembrar músicas da Mariah Carey, por exemplo).

De todas as músicas, esta é a que já ouvi mais vezes. Para aí umas 3748.

Unless It's With You é um fim perfeito para este álbum, mas fico sempre com aquela sensação de que faltam mais algumas faixas. Está demasiado curto, o álbum.


Posso dizer que Liberation é, a partir de agora, o meu segundo álbum favorito de Christina. Gosto menos do que o Stripped, mais mais do que o Back2Basics - os 3 melhores álbuns dela, na minha opinião. Continuo a ficar deslumbrada com a voz dela (oiço tanto e canto tanto, que tenho tics de voz dela!!!). Ela continua a arrepiar-me e até a chorar (neste caso, com a faixa Twice).

Amava que ela viesse dar um concerto e Portugal e nem olharia ao preço do bilhete. Se ela vier a algum país da Europa, sou bem capaz de voar até lá só para a ver ao vivo! Nunca vi!


terça-feira, 3 de julho de 2018

Rock in Rio Lisboa 2018 | Katy Perry – Um mundo popsicle no parque da Bela Vista

Review do concerto para o site Echo Boomer.
Autoria: Cláudia Silva

Ainda que o slogan do Rock in Rio Lisboa seja “A cidade do rock”, a edição de 2018 claramente ficou marcada pelo Pop. Foi um dos géneros predominantes do cartaz principal e, depois de Demi Lovato, Bruno Mars, Haille Steinfield e Jessie J, o último dia do festival termina em grande com a atuação de Katy Perry. 



Com um total de 23 músicas e nada menos do que seis mudanças de roupa (cada outfit mais extravagante que o outro), a artista mostrou que, para a sua primeira vez na versão portuguesa deste festival, dedicou-se à preparação do show e não se mostrou nada menos do que exuberante. Uma autêntica pop star

O concerto abre com um snippet de um tema do novo álbum, Witness, em que Katy surge por detrás de uma nuvem de fumo branco. Desafiando o público desde um primeiro momento, com a pergunta “Will you be my witness tonight?”, segue para outro tema do novo álbum, “Roulette”, com uma outra provocação, “Will you roll the dice?”. E chovem, sobre o público, confettis com as formas dos naipes de um baralho de cartas. 

Foto: Agência Zero

Se começa o seu concerto com provocações, continua com uma vibe meio obscura, meio sensualizada, com o tema “Dark Horse” – mostrando aqui o lado badass de Katy (que, usualmente, tende a ser mais doce, e cotton-candy-like). De um modo geral, pode-se dizer que Katy é uma artista versátil, encarnando várias personagens, vários estilos tanto visuais como musicais, e isso foi transposto para este concerto. Temos como exemplos clássicos o teenage pop-rock, meio revoltado (com temas como “Part Of Me”) e a versão mais dance eletrónica e muito popsicle pop como “Chained to The Rythm”, “Last Friday Night” e “California Girls”. O concerto foi completo, e até teve direito a uma mascote (muito fofa!) em forma de tubarão durante a música “Teenage Dream”. E, claro, ao longo de toda a atuação, acompanham Katy performers de dança, com outfits extravagantes que tornaram o espectáculo visualmente mais rico. 

O seu primeiro hit “I Kissed a Girl” surge exatamente a meio do concerto e é um momento de grande euforia, sobretudo porque neste tema a artista pousa sobre si uma bandeira arco-íris, símbolo da causa LGTB – passando uma mensagem importante e atual, de inclusão, tolerância e aceitação. Katy sabe que tem influência sobre as camadas mais jovens e utiliza a sua popularidade para promover princípios importantes. Foi uma atitude de louvar e aplaudir. Aliás, ainda que possa ser uma “moda”, a verdade é que muitos artistas hoje em dia utilizam a sua influência para defender mensagens importantes; Jessie J, que pisou o palco minutos antes de Katy, também havia passado ao longo do seu concerto algumas mensagens de auto-amor. 
Foto: Agência Zero

Outro momento de grande euforia foi o famoso “Hot n’ Cold”, no qual a artista surge vestida com um painel digital no peito que vai mostrando as palavras “Hot” e “Cold“. Aproveitando o facto de ter ascendência portuguesa (um dos seus tetravôs é dos Açores), cria um momento de interação brutal com o público, questionando como se dizem estas palavras em português; depois de, em uníssono, todos dizermos “quente” e “frio”, a cantora repete as palavras com um sotaque quase perfeito, tudo isto antes de começar a cantar. 

O concerto contou, ainda, com bastantes temas do seu recente álbum – “Dejá Vu”, “Power”, “Into Me You See”, “Bon Appetit” (esta, com direito a uma pequena mescla com “What Have You Done For Me Lately” de Janet Jackson, em jeito de tributo) e ainda “Pendulum” como uma das músicas do Encore. Nota-se um crescimento, um amadurecimento evidente de Katy enquanto artista, neste seu último trabalho, em comparação com os anteriores. Se, antes, Katy era muito teenage-highschool-pop, neste último álbum a artista revela, aqui, um lado mais obscuro, e com uma certa influência futurística e tecnológica (talvez o tema também ele comercial “Swish Swish” seja o que mais destoa desta vibe geral do novo álbum, regressando às suas origens mais pop e catchy); ainda assim, continua na linha pop, sendo referenciado pela imprensa como Futurepop – uma junção de synthpop com influências de trance. 

Porém, não foram as novas músicas que mais mexeram com o público, foi sim, com os êxitos mais antigos que o pessoal mais vibrou. “ET”, “Wide Awake” e “Roar” – cantada a plenos pulmões, pela Katy e por nós! – e “Fireworks” para o último encore, trouxeram nostalgia aos fãs que a seguem desde sempre. 

E foi com “Fireworks” e, mesmo, com fogo-de-artifício, que terminou mais uma edição deste grande festival.


segunda-feira, 2 de julho de 2018

Rock in Rio Lisboa 2018 | The Chemical Brothers – Um verdadeiro assalto aos sentidos

Review do concerto para o site Echo Boomer.
Autoria: Cláudia Silva

Há espetáculos que nos prendem desde o primeiro minuto, e a atuação dos The Chemical Brothers é um exemplo disso mesmo. Mais do que simples música, a banda apresenta uma exposição visual incrível, completamente hipnotizante.

The Chemical Brothers no Rock in Rio 2018


“Go” foi o tema eleito para a abertura deste espetáculo – escolha não despropositada pois foi o primeiro single do último álbum Born in Echoes – que acaba por ser muito mais do que um simples concerto. É uma experiência autêntica, do início ao fim. Misturando o género eletrónico com big beat, dance music alternativa e trip-hop (com a sua natureza psicadélica), a banda consegue criar uma sonoridade muito sui generis

Intercalando entre temas que, por si só, já se tornaram históricos na obra dos Chemical Brothers – caso inevitável “Do it Again” do álbum We Are The Night de 2007 (sim… já lá vai uma década), ou indo ainda a hinos mais antigos (“Block Rockin’ Beats”, “Hey Boy Hey Girl” e “Galvanize”) como ainda um cheirinho do que aí virá com a nova “EBW 12”, houve espaço para intrusões à já vasta discografia dos rapazes de Manchester. 

Tom Rowlands e Ed Simons, a dupla que forma esta banda, optam por se esconder ao fundo do palco, algo que é já característico dos dois artistas nas suas atuações ao vivo, deixando o destaque dos seus espetáculos ser os efeitos visuais que apresentam, em detrimento de si mesmos. E que espetáculos! Fascinantes, tema após tema, o que se apresenta diante dos olhos do público, puxando por todos os sentidos, sempre com vídeos e efeitos visuais altamente apelativos. Tanto, ao ponto da música em si quase ser secundária, mas fazer ainda mais sentido. 

The Chemical Brothers no Rock in Rio 2018

Outra característica dos concertos de The Chemical Brothers: a sensação de continuidade; quase não existe “intervalo” entre as músicas, elas estão sempre ligadas de forma fluída. Uma sensação de expansão – como se sente bem presente nos temas “Escape Velocity” e “Snow/Surface to Air” – é também uma constante. 

 A música, essa, é feita como que por camadas: começa devagar, de forma básica mas (muito) apelativa, quase previsível… até deixar de o ser, com o acrescentar progressivo de novos sons e batidas. Minimalista conquista-nos até nos assoberbar. E se isto já é arrebatador nos álbuns da banda, ao vivo é ainda melhor, como um exponenciar de sentidos, cada batida que fazia estremecer o chão e entrava no nosso corpo. Isto, com toques psicadélicos de sintetizadores a tocar numa espécie de madness

 No final, a sensação com que sai dum concerto dos The Chemical Brothers é sempre a mesma: um verdadeiro assalto aos sentidos. E o mais impressionante é que a sensação já perdura há uns longos 23 anos.

Crítica escrita para o site Echo Boomer.