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sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Brit Floyd na Altice Arena – Um espetáculo que une gerações

Crítica escrita originalmente para o site Echo Boomer


A cópia é a melhor forma de elogio, já dizia o ditado popular. Mas é mais com o intuito de prestar um tributo, e não tanto o de copiar (pelo menos não com a conotação negativa que pode ser conferida ao termo), que Brit Floyd, banda-tributo, leva os grandes hits dos irrepetíveis Pink Floyd a palcos um pouco por todo o mundo.

Este ano, para celebrar os 45 anos do inesquecível álbum The Dark Side Of The Moon – vendeu mais de 45 milhões de cópias e é considerado como um dos melhores álbuns de rock progressivo alguma vez produzidos – o palco do Altice Arena, em Lisboa, recebeu uma recreação à altura do acontecimento. Um acontecimento que é nada mais, nada menos, que o último concerto desta tour dos Brit Floyd, depois de terem passado por 154 palcos diferentes. Ainda que o nome da tour seja “The Dark Side Of The Moon“, homónimo ao álbum que pretende homenagear, esta experiência de duas horas foi uma autêntica e deliciosa viagem no tempo e uma (re)visita a muitas canções, presentes em diversos álbuns de estúdio dos icónicos Pink Floyd.

“Shine On You Crazy Diamond” é o tema que faz as honras de abertura de um espetáculo que prometia e que, desde logo, começou a cumprir. O ambiente envolto em mística, os acordes das guitarras num enrolar delicioso a ecoar pelo espaço da arena, como que deixando um rasto atrás de si, as melodias nostálgicas e orgânicas – era isto mesmo que a alma estava a pedir; estavam reunidas as condições para aquecer uma noite bem fria.

“É ótimo estar de volta”, anunciou o vocalista e diretor musical, Damian Darlington, seguido de um “Obrigado” com o “r” bem enrolado, despertando o público do estado de quase transe no qual o tema anterior o tinha deixado. Para aligeirar um pouco o ambiente, segue-se “Arnold Lane”, no qual o saxofonista Ryan Saranich merece um destaque pela sua brilhante prestação a solo. Não tarda muito até que o ambiente seja de novo envolto em misticismo e que sejamos engolidos pela envolvência absoluta que caracterizam os temas de Pink Floyd – como “High Hopes” e “Sorrow”.

“Another Brick In The Wall” é, a seguir ao tema de abertura, o segundo momento alto da noite. Afinal, quem nunca cantarolou “We don’t need no education!”? Um clássico, pejado de rebeldia, e que contou com um brilhantíssimo solo de guitarra.

Em “Mother”, outro dos temas mais conhecidos, é possível ver como algumas letras da banda quase se tornaram “slogans”, com todo o público a cantar “Mother, should I run for president? Mother, should I trust the government?” – e com Damian a cantar um “Não” ressonante como resposta a cada pergunta. A propósito deste exemplo de uma letra que se tornou quase simbólica, é de revelar a natureza sociopolítica que caracteriza as composições e as letras de Pink Floyd, presente em temas como “A Great Day For Freedom”, “Southhampton Dock” e “Dogs Of War” – o que mostra que tudo isto é muito mais do que (muito boa) música ou espetáculos com efeitos visuais espectaculares e luzes de lazer. Pink Floyd é História em forma de música.


Fotos: Ritmos&Blues

A sequência “Speak To Me/Breathe” e “Time” foi uma feliz escolha de alinhamento que, entrelaçadas, num continuum psicadélico, compreendem em si toda a magia do álbum The Dark Side Of The Moon – com a devida salvaguarda para a divertida e rock n’ roll “Money”, já previamente tocada.

“The Great Gig In The Sky” surge, num grito (literalmente) de (des)esperança e resignação perante a efemeridade da vida, cuja única letra é falada no início, “I’m not afraid of dying. Anytime I’ll do, I don’t mind. Why should I be afraid of dying? There’s no reason for it, we gotta go sometime”. A vocalista Angela Cervantes esteve irrepreensível na sua prestação. Uma performance transcendente.

Mas não há tréguas, ainda. “Have a Cigar”, “The Final Cut”, “Wish You Were Here” (denunciada desde um primeiro momento com o inconfundível acorde de guitarra) e “Confortably Numb” (num intercalar entre momentos mais contidos e momentos de explosão), foram outros três grandes pontos altos da noite, sendo, igualmente, três dos temas mais acarinhados pelo público.

Todo este repertório foi acentuado com os temas do encore – uma “Brain Damage” que conflui com uma “Eclipse”, num autêntico culminar de sensações fortes; e, por fim, “Run Like Hell”.

A loucura em forma de rock. “Até faz mexer o coração!”, dizia a pessoa que me acompanhava nesta noite.

Ainda que tenha sido um concerto cheio em todos os sentidos, ficaram a faltar dois temas essenciais: “Us & Them” e “Any Colour You Like”.

Eis um espetáculo que une gerações. Fãs de 70 anos, que assistiram aos concertos originais da banda, e jovens de 20 anos, que estão agora a descobrir pela primeira vez as letras inventivas e filosóficas de Roger Waters, partilham o mesmo espaço.

No topo do fenómeno melódico e lírico dos temas de Pink Floyd, a arte exibida por cada vocalista e instrumentalista foi impecável. Através das luzes e visuais cativantes, chegamos quase à utopia musical. Pink Floyd e Brit Floyd são lembretes de como a música pode ser omnipotente na sua habilitade de transportar e conectar. Unir, firmar e imortalizar. No final de contas, é a coisa mais próxima que temos à magia, e este espectáculo relembrou-nos bem disso.

E é isto que, verdadeiramente, define uma banda como sendo intemporal.


sexta-feira, 22 de maio de 2015

O meu legado musical.



A ciência diz que o nosso gosto musical não nasce connosco, sendo construído com base em experiências.

Experiências variadas, mas nomeadamente aquela que adquirimos em casa, de pequenos.

Os nossos pais ouvem música? Que música? Estimulam o ensino de música? Estimulam, sobretudo, a sensibilidade para a música?

Desde (bem) pequena me lembro de ouvir este álbum, de fio a pavio, alto e bom som! Eu esperneava, dizia que não gostava, que o meu pai era chato... Mas na realidade era só para ser teimosa e do contra...

Eventualmente, o meu pai pôs-me a ter aulas de piano, canto e formação musical. Andei uns 2 anos e depois abandonei, mais uma vez, por ser do contra e por teimosia, e por ser preguiçosa! Mas sobretudo porque uma vez que cantei em público correu tão, tão mal, que jurei para nunca mais e desisti. Fiquei traumatizada. Hoje arrependo-me disso...olhando para trás foi uma grande, grande oportunidade. Ok, não me tornei numa artista, mas acho, aliás, tenho a certeza, de que ganhei uma outra sensibilidade para a música que de outra forma não teria ganho.

Lembro-me tão bem, das aulas de formação musical. Aprendíamos a ler pautas, mas dessa parte pouco ficou; as partes que me maravilhavam mais eram mesmo aquelas em que o professor nos dizia "agora fechem os olhos; oiçam isto e, depois, escrevam tudo o que vos vier à cabeça". Exercício que ainda hoje faço, não por obrigação, mas por prazer; nem sempre por escrito, mas, no mínimo, em pensamento. E que sensação maravilhosa! 

Mas voltando ao legado musical que o meu pai me providenciou, e em relação a este álbum: esperneava e fechava-me no quarto a queixar-me que "estava muito alto" mas, por dentro, vibrava.

Este álbum marcou-me assim de uma forma que hoje me transporta ao passado.

E o meu pai merece um agradecimento especial aqui neste blog!

Pink Floyd - e a forma corporal como ele expressava (e ainda expressa) a sua adoração por este álbum, tão intensa e que desde logo me maravilhou - foi apenas um "salto" para tudo o resto que hoje conheço e que considero muito bom. 

Mas este álbum é apenas o mote principal. Entre muitas outras obras clássicas (e de vez em quando ABBA para animar...sim, ABBA!), o meu pai transmitiu-me, sobretudo, um bem que não tem preço: a sensibilidade para a música; o discernimento para separar o que tem qualidade do que não tem.
(e sim, apesar dessa treta politicamente correcta dos "gostos não se discutem", para mim há coisas que têm qualidade e outras que não, independentemente dos gostos de cada um, ponto final. Mas isso são conversas para outro dia!).

Não me vou alongar em análises técnicas, pois para além de não ter conhecimentos suficientes para isso, a música para mim é essencialmente sentir, mais do que ouvir; é escutar com a alma. E este álbum faz-me sentir, literalmente, grandiosa. Independentemente de labels, etiquetas, categorias géneros, ou o que fazem os instrumentos (nunca liguei muito a isso, aos nomes dos artistas ou aos anos em que foram lançados os álbuns, sou muito desprendida disso), faz-me sentir que é uma obra genial, e isso basta-me.


domingo, 4 de janeiro de 2015

The Lunatics

And then the "somethings" happen differently from one's expected. 

Foi uma tarde antecipada, mas, inesperada. No meio… o como lembrar de sensações passadas, de ventos e cheiros, tremores (e torpores), e de como nos regulamos de forma diferente em cada estação…

And it's…