Review do concerto de The The, no festival Super Bock Super Bock 2018, para o site Echo Boomer.
Autoria: João Cunha
Disse Matt Johnson, o frontman e mente por detrás dos The The – grupo nascido e crescido nos 80’s, dos quais soube aproveitar uma série de boas referências – que a primeira cidade que tem recordação de visitar é, precisamente, Lisboa, numa visita com os pais. Pois nós já praticamente não tínhamos recordação da última passagem deste por terras lusas: são precisos 18 anos para regressarmos à última atuação dos The The em terras lusas – inseridos no Paredes de Coura – ou ainda uns bons 29 anos (1989!) desde um concerto no Coliseu de Lisboa. Estas datas traduzem-se numa plateia cuja média de idade já traz alguma história, não obstante um ou grupo outro jovem que, incrível e genuinamente, vibrava com igual intensidade.
No ano passado, Matt Johnson voltou a montar o seu ensemble para um novo single (“We Can’t Stop What’s Coming”) e acaba por dar azo a uma tournée onde se inseria este concerto dado no Palco EDP. Munidos de uma discografia que, claramente, poderia ser dividida em mais que um concerto best of, os The The deram um bom espectáculo, muito bem executado e sem quaisquer subterfúgios. Tendo seis álbuns para percorrer – e sendo os primeiros três os mais desejados (presunção de autor!) seria de esperar que o concerto se focasse nestes.
Abrindo a performance com “Global Eyes” – dum, talvez, menos amado Nakedself editado em 2000 – foi isso mesmo que transmitiram: a obra dos The The não se cinge apenas aos temas mais antigos e que há canções (algumas sublimes!) que fizeram de Matt Johnson e os seus The The nomes incontornáveis da cena alternativa britânica dos anos 80.
Com uma visível boa disposição, Matt Johnson mostrou que, incrivelmente mais de 30 anos depois de se estrear, a sua voz continua a debitar-nos a sua magia – a força que guia as melodias dos The The – e que estes temas continuam a encaixar-se em temas extremamente atuais, com uma sonoridade que se preservou muito bem (nuns casos mais que outros).
Ao segundo tema “Sweet Bird of Truth” (do álbum Infected, 1986) Matt Johnson lembra-nos que, nesta altura, o envolvimento dos EUA no Médio-Oriente era também tema emergente da altura, servido num pop-post-punk altamente viciante. Não nos proporcionando a mesma riqueza das versões em estúdio, todos os temas foram tocados irrepreensivelmente mostrando que o grupo vinha bem preparado.
Fomos ainda servidos com algumas raridades – neste caso um single perdido – com “Flesh and Bones” (1985) e ainda temas dos álbuns Mind Bomb (1989) – singela aparição de “Armaggedon Days Are Here (again)” – e Dusk (1992), para além de outros temas dos álbuns acima citados. Pelo meio houve ainda direito à brilhante dicotomia ditada pelas “This Is The Night” e “This is The Day” – sendo esta a primeira, e também mais famosa, incursão pelo álbum de estreia Soul Mining (1983).
Chegados à parte final, esperava-nos uma fabulosa tríade: “Infected”, “I’ve Been Waitin’ For Tomorrow (All of My Life)” e “Uncertain Smile” – onde, com alguma desilusão, se nota que a mistura de som não foi a melhor, pois o espetacular solo de piano (uma obra-prima composta e tocada por Jools Holland no original) esteve, apesar de bem executado, assoberbado pelo som dos restantes instrumentos. Ainda assim, a chave de ouro.
Dadas as poucas oportunidades que tivemos de os ver, penso que os The The cumpriram a quem os desejava voltar a ver, ou – tal como o autor – nunca os tinham visto. Ficaram a faltar outros grandes trunfos – “The Sinking Feeling”, “Good Morning Beautiful” ou “Out Of The Blue (Into the Fire)”, só para citar alguns – que fariam este concerto mais grandioso, mas tais composições têm sido deixadas à parte nesta tourneé. Talvez Matt Johnson não estivesse para aí virado.
Aviso à navegação: esta review está longe de ser imparcial. :P
Finalmente chegou o tão aguardado
oitavo álbum de estúdio de Christina Aguilera! Como uma das minhas artistas
favoritas de sempre, desde o Stripped (que ouvia, cantava e sabia de cor de
trás para a frente, aos 12 anos de idade, e ainda hoje, aos 28, é dos meus álbuns
de eleição e não dispenso cantar uma boa “Walk Away” com ela), não o ouvi de imediato
assim que saiu, mas nas últimas duas semanas não tenho ouvido outra coisa. Tinha
de o conhecer ao detalhe!
Para mim, o melhor álbum dela foi
mesmo o Stripped e ainda não foi este seu mais recente trabalho que tirou o
outro do primeiro lugar no pódio. Também adorei o Back to Basics mas, depois, o Bionic e o Lotus
foram uma regressão. Nunca me convenceram a 100%, por mais que tentasse. Então,
a expectativa era alta para este novo trabalho – Liberation – mas sempre com um
pé atrás.
Surpreendeu pela positiva, mas ao
mesmo tempo, deixou um pouco a desejar em alguns aspectos. Há músicas que amo e outras que não me
dizem nada (e, ainda, uma que detesto mesmo). Mas de um modo geral, gostei
muito deste álbum, só acho que tem poucas músicas. 15 músicas, em que 4 são
intros; então, só dá 11 músicas completas. Chego ao fim do álbum com vontade
que houvesse pelo menos mais 3 ou 4.
Mas antes de ir já para o que
falta no fim, comecemos pelo início!
Liberation
Interlude bonito, mas é só isso
(já foi feito, já foi ouvido, está uma introdução bonita mas não passa muito
disso; gostava que tivesse mais a voz dela, em vez de ser só instrumental –
tipo o interlude Love Embrace, por exemplo).
Searching for Maria & Maria
Incluo estas duas faixas numa só,
visto que a primeira é o interlude da segunda. Maria reflecte o sentimento de
Christina (cujo segundo nome próprio é Maria) de se ter perdido de si própria
ao longo do tempo. No Twitter, a artista partilhou que “Maria is a homage to
the lost side of herself”. Enquanto que, em Stripped, a ideia que imperava era a
de ser ela mesmo enquanto artista (contrariando o ter começado a sua carreira
ao vender a sua alma), ao longo da sua carreira acabou por se perder um pouco e
agora procura novamente o espírito dela. Recorrendo à personagem de Maria do filme The
Sound of Music (A Música no Coração, em português), utiliza-a como uma metáfora para uma versão mais jovem e
inocente de si mesma, reflectindo sobre o impacto que uma vida sob a luz dos
holofotes teve sobre ela, trazendo uma espécie de crise de identidade
provocada pela fama.
All my life, wouldn't give up
Was too young to know the difference
How did I get so low?
When did I turn so cold
Inside of my own mind, I believe my own lies
I'm facing the mirror
Where, where, where is Maria?
Why, why, why don't I see her?
I, I just wanna see her
Why, why, why don't I see her?
I, I just need to see ya, Maria
Definitivamente, um momento
introspectivo. Em termos sonoros, na minha opinião, é uma das melhores, senão
mesmo a melhor faixa do álbum. É completa em todos os sentidos, e em certos
momentos até me remete um pouco para a sua faixa Mercy (do álbum
Back2Basics), com alusões a um ser divino e a uma espécie de salvação (“Oh, my
lord / Can you take away this heavy load? / I can't carry it anymore / I'm callin' an angel, where is my saviour").
Em termos de voz, nem vale a pena
destacar muito mais que, para mim, é a melhor voz pop de sempre. Algo que está bem presente no grito quase de revolta dela na bridge "Can you hear me calling? My whole world is falling!".
Dificilmente
alguém a conseguirá suplantar neste campo. A voz dela é simplesmente
per-fei-ta. Sem qualquer imparcialidade da minha parte! :P
Sick Of Sittin'
Aqui está a única música deste
álbum que simplesmente não gosto nada. Numa tentativa de ter uma Fighter neste álbum também, mas Sick Of Sittin' não chega aos calcanhares de Fighter.
Então, não tendo nada de bom a dizer, não direi mais nada...
Dreamers
Mais uma intro, com diversas
vozes de crianças a dizer o que querem ser quando crescerem. Achei fofo, mas só
isso. Não é uma música. Faz sentido, though, preceder a faixa seguinte...
Fall in Line
E duas rainhas juntaram-se e
fizeram magia, nesta canção em conjunto com a não menos diva Demi Lovato! Outra
faixa que, para mim, é das melhores do álbum. O movimento #MeToo está aqui bem presente,
com uma mensagem bem forte de empoderamento feminino – assim, no seguimento de Dreamers,
Aguilera e Lovato cantam a plenos pulmões que não foram feitas para
simplesmente ficarem “na linha” (“I wasn’t made to fall in line”). Um incentivo
a que corramos atrás dos nossos sonhos.
Ainda que Demi seja, também ela,
uma pop star de excelência, nesta música a voz de Christina claramente acaba por dominar
bastante. Lá está, dificilmente alguém suplanta a rainha Christina. E eu gosto imenso da Demi, também.
Right Moves
Depois de um início de álbum bem
introspectivo, surge uma faixa bem mais light, com uma vibe meio hazy e com
muitas influências reggae. Um pouco como "Get high on the beach" de Lana del Rey. É uma música girinha, mas que
fica longe de me deslumbrar.
Like I Do
Esta foi amor à primeira audição.
Aquele início bem prolongado, aquela vibe badass que eu gosto tanto nela, o
facto da voz dela só entrar após o primeiro minuto completo e ser uma lufada de
ar fresco. A referência ao grande Marvin Gaye e a sua tão famosa música “Let’s
Get It On”. A voz dela utilizada de forma doce mas fierce ao mesmo tempo, as
estrofes em rap de GoldLink, aquela batida constante, aquele sintetizador
ousado. É uma música extremamente bem conseguida, do início ao fim, completamente viciante –
daquelas que oiço em repeat, repeat e repeat sem me cansar!
Deserve
À semelhança de Masochist (que
vou falar mais à frente, mas que referencio agora pois são duas faixas que, a
meu ver, são equiparáveis), Deserve é uma balada eletrónica minimalista. Nada
de extraordinário, mas bonitinha, catchy, que fica no ouvido. A-doro o efeito
da voz dela nesta faixa.
Twice
Absolutamente uma das melhores
faixas deste álbum. Com um início em acapella que me faz arrepiar sempre,
começa o piano e as lágrimas querem rolar. Nem consigo descrever o quanto esta
música me toca, a sério. A primeira estrofe, só a voz dela e o piano, e
finalmente o refrão, em coro. A letra, extremamente triste e angustiosa, de
quem “encontrou o preço do amor e perdeu a cabeça”. Continuo a achar que é nas
baladas que Christina é melhor. Aquela voz tão suave quando tem de ser, e tão
cheia e powerful quando tem de ser também. Mesmo só em acapella esta música
seria fabulosa. Não adoro, AMO!
I Don’t Need It Anymore
Outra intro, só em acapella, e em
coro. A line “I Don’t Need It Anymore” já tinha sido incluída na faixa Sick Of
Sittin' mas escusado será dizer que, para mim, fica bem melhor neste interlude
:P
Accelarate
Christina trying to be 2018. Well, she
tried and she did it. Aqui está uma faixa extremamente atual mas que, a meu
ver, não foi um tiro certeiro para ela. Bom, tenho mixed feelings! A primeira
vez que ouvi na rádio, pensei, “Isto é a minha Christina?”. Muito básico. Gosto
do embalamento e da melodia da estrofe “I be with my ladies you can find me
there / Try to play us, we gon' start a riot up in here”, gosto (bastante) da
bridge em rap de 2 Chainz, gosto muito da segunda bridge com aquele “Uh
Uh Uh” básico e sintetizadores a acompanhar e adoro o final (os últimos 20
segundos).
Mas detesto a voz meio drunk do Ty
Dolla $ign ali pelo meio da voz dela, acho a música pouco melódica, não acho
piada ao refrão e acho a letra muito básica. Portanto... Ok, é um hit de rádio
atual com alguma piada, mas fica-se só por aí. É que ela é capaz (e como o
mostra noutras faixas deste álbum) de muito melhor.
Pipe
Sexy do início ao fim. Muito
smooth, muito RnB, muito aliciante. Aquela batida constante e deliciosa. Não é
das melhores, though! É das poucas canções em que Christina não puxa pela voz,
mantendo um registo sempre estável e muito suave.
Masochist
Como já tinha referenciado mais
acima, equiparando a “Deserve”, outra balada eletrónica. Desta feita, com uma
letra que remete para a submissão dela em se deixar dominar por alguém que a
magoa, culpabilizando-se por isso, sendo assim, some kind of masochist. “Cause loving you is so bad for
me, but I just can’t walk away”.
Em termos de letra, sempre que
oiço esta música lembro-me da sua icónica (e uma das minhas favoritas do álbum
Stripped) música Walk Away. Parece ser uma constante, na vida de Christina, o
dilema de estar em situações dolorosas das quais não consegue sair, não é? :P
Unless It’s With You
Mais uma que está no meu top 3 de
melhores faixas deste álbum. Esta canção é, simplesmente, perfeita, para mim.
Em termos de letra, e apesar de
ser na sua generalidade bastante “cliché” em termos de cheesyness de uma
lovesong, gosto do twist do título e do final do refrão: “Cause I don’t wanna
get married, unless it’s with you, unless it’s with you”. Podia ter dito
simplesmente “I only wanna marry you”, mas inverteu a letra para passar a mesma
mensagem.
A voz dela aqui, mais uma vez,
completamente flawless. O que para muitos é “gritaria” (e compreendo), para mim
é a melhor voz pop do mundo a manifestar-se em todo o seu esplendor.
E os coros e todo o ambiente de
balada pop romântica dos anos 90 (em muitas coisas me faz lembrar músicas da
Mariah Carey, por exemplo).
De todas as músicas, esta é a que
já ouvi mais vezes. Para aí umas 3748.
Unless It's With You é um fim perfeito para este álbum, mas fico sempre com aquela sensação de que faltam mais algumas faixas. Está demasiado curto, o álbum.
Posso dizer que Liberation é, a partir de agora, o meu segundo álbum favorito de Christina. Gosto menos do que o Stripped, mais mais do que o Back2Basics - os 3 melhores álbuns dela, na minha opinião. Continuo a ficar deslumbrada com a voz dela (oiço tanto e canto tanto, que tenho tics de voz dela!!!). Ela continua a arrepiar-me e até a chorar (neste caso, com a faixa Twice).
Amava que ela viesse dar um concerto e Portugal e nem olharia ao preço do bilhete. Se ela vier a algum país da Europa, sou bem capaz de voar até lá só para a ver ao vivo! Nunca vi!
Review do concerto para o site Echo Boomer. Autoria: Cláudia Silva
Ainda que o slogan do Rock in Rio Lisboa seja “A cidade do rock”, a edição de 2018 claramente ficou marcada pelo Pop. Foi um dos géneros predominantes do cartaz principal e, depois de Demi Lovato, Bruno Mars, Haille Steinfield e Jessie J, o último dia do festival termina em grande com a atuação de Katy Perry.
Com um total de 23 músicas e nada menos do que seis mudanças de roupa (cada outfit mais extravagante que o outro), a artista mostrou que, para a sua primeira vez na versão portuguesa deste festival, dedicou-se à preparação do show e não se mostrou nada menos do que exuberante. Uma autêntica pop star.
O concerto abre com um snippet de um tema do novo álbum, Witness, em que Katy surge por detrás de uma nuvem de fumo branco. Desafiando o público desde um primeiro momento, com a pergunta “Will you be my witness tonight?”, segue para outro tema do novo álbum, “Roulette”, com uma outra provocação, “Will you roll the dice?”. E chovem, sobre o público, confettis com as formas dos naipes de um baralho de cartas.
Se começa o seu concerto com provocações, continua com uma vibe meio obscura, meio sensualizada, com o tema “Dark Horse” – mostrando aqui o lado badass de Katy (que, usualmente, tende a ser mais doce, e cotton-candy-like). De um modo geral, pode-se dizer que Katy é uma artista versátil, encarnando várias personagens, vários estilos tanto visuais como musicais, e isso foi transposto para este concerto. Temos como exemplos clássicos o teenage pop-rock, meio revoltado (com temas como “Part Of Me”) e a versão mais dance eletrónica e muito popsicle pop como “Chained to The Rythm”, “Last Friday Night” e “California Girls”. O concerto foi completo, e até teve direito a uma mascote (muito fofa!) em forma de tubarão durante a música “Teenage Dream”. E, claro, ao longo de toda a atuação, acompanham Katy performers de dança, com outfits extravagantes que tornaram o espectáculo visualmente mais rico.
O seu primeiro hit “I Kissed a Girl” surge exatamente a meio do concerto e é um momento de grande euforia, sobretudo porque neste tema a artista pousa sobre si uma bandeira arco-íris, símbolo da causa LGTB – passando uma mensagem importante e atual, de inclusão, tolerância e aceitação. Katy sabe que tem influência sobre as camadas mais jovens e utiliza a sua popularidade para promover princípios importantes. Foi uma atitude de louvar e aplaudir. Aliás, ainda que possa ser uma “moda”, a verdade é que muitos artistas hoje em dia utilizam a sua influência para defender mensagens importantes; Jessie J, que pisou o palco minutos antes de Katy, também havia passado ao longo do seu concerto algumas mensagens de auto-amor.
Outro momento de grande euforia foi o famoso “Hot n’ Cold”, no qual a artista surge vestida com um painel digital no peito que vai mostrando as palavras “Hot” e “Cold“. Aproveitando o facto de ter ascendência portuguesa (um dos seus tetravôs é dos Açores), cria um momento de interação brutal com o público, questionando como se dizem estas palavras em português; depois de, em uníssono, todos dizermos “quente” e “frio”, a cantora repete as palavras com um sotaque quase perfeito, tudo isto antes de começar a cantar.
O concerto contou, ainda, com bastantes temas do seu recente álbum – “Dejá Vu”, “Power”, “Into Me You See”, “Bon Appetit” (esta, com direito a uma pequena mescla com “What Have You Done For Me Lately” de Janet Jackson, em jeito de tributo) e ainda “Pendulum” como uma das músicas do Encore. Nota-se um crescimento, um amadurecimento evidente de Katy enquanto artista, neste seu último trabalho, em comparação com os anteriores. Se, antes, Katy era muito teenage-highschool-pop, neste último álbum a artista revela, aqui, um lado mais obscuro, e com uma certa influência futurística e tecnológica (talvez o tema também ele comercial “Swish Swish” seja o que mais destoa desta vibe geral do novo álbum, regressando às suas origens mais pop e catchy); ainda assim, continua na linha pop, sendo referenciado pela imprensa como Futurepop – uma junção de synthpop com influências de trance.
Porém, não foram as novas músicas que mais mexeram com o público, foi sim, com os êxitos mais antigos que o pessoal mais vibrou. “ET”, “Wide Awake” e “Roar” – cantada a plenos pulmões, pela Katy e por nós! – e “Fireworks” para o último encore, trouxeram nostalgia aos fãs que a seguem desde sempre.
E foi com “Fireworks” e, mesmo, com fogo-de-artifício, que terminou mais uma edição deste grande festival.
Review do concerto para o site Echo Boomer. Autoria: Cláudia Silva Há espetáculos que nos prendem desde o primeiro minuto, e a atuação dos The Chemical Brothers é um exemplo disso mesmo. Mais do que simples música, a banda apresenta uma exposição visual incrível, completamente hipnotizante.
“Go” foi o tema eleito para a abertura deste espetáculo – escolha não despropositada pois foi o primeiro single do último álbum Born in Echoes – que acaba por ser muito mais do que um simples concerto. É uma experiência autêntica, do início ao fim. Misturando o género eletrónico com big beat, dance music alternativa e trip-hop (com a sua natureza psicadélica), a banda consegue criar uma sonoridade muito sui generis.
Intercalando entre temas que, por si só, já se tornaram históricos na obra dos Chemical Brothers – caso inevitável “Do it Again” do álbum We Are The Night de 2007 (sim… já lá vai uma década), ou indo ainda a hinos mais antigos (“Block Rockin’ Beats”, “Hey Boy Hey Girl” e “Galvanize”) como ainda um cheirinho do que aí virá com a nova “EBW 12”, houve espaço para intrusões à já vasta discografia dos rapazes de Manchester.
Tom Rowlands e Ed Simons, a dupla que forma esta banda, optam por se esconder ao fundo do palco, algo que é já característico dos dois artistas nas suas atuações ao vivo, deixando o destaque dos seus espetáculos ser os efeitos visuais que apresentam, em detrimento de si mesmos. E que espetáculos! Fascinantes, tema após tema, o que se apresenta diante dos olhos do público, puxando por todos os sentidos, sempre com vídeos e efeitos visuais altamente apelativos. Tanto, ao ponto da música em si quase ser secundária, mas fazer ainda mais sentido.
Outra característica dos concertos de The Chemical Brothers: a sensação de continuidade; quase não existe “intervalo” entre as músicas, elas estão sempre ligadas de forma fluída. Uma sensação de expansão – como se sente bem presente nos temas “Escape Velocity” e “Snow/Surface to Air” – é também uma constante.
A música, essa, é feita como que por camadas: começa devagar, de forma básica mas (muito) apelativa, quase previsível… até deixar de o ser, com o acrescentar progressivo de novos sons e batidas. Minimalista conquista-nos até nos assoberbar. E se isto já é arrebatador nos álbuns da banda, ao vivo é ainda melhor, como um exponenciar de sentidos, cada batida que fazia estremecer o chão e entrava no nosso corpo. Isto, com toques psicadélicos de sintetizadores a tocar numa espécie de madness.
No final, a sensação com que sai dum concerto dos The Chemical Brothers é sempre a mesma: um verdadeiro assalto aos sentidos. E o mais impressionante é que a sensação já perdura há uns longos 23 anos.