Qual é a tua desordem? O teu
“distúrbio mental”? O que te perturba e inquieta?
(já paraste para pensar nisso?!)
É essa a questão que, em tom
provocativo, quer Alex Page deixar para o ouvinte reflectir...
Falo de Your Disorder, primeiro
álbum de estúdio de Alex Page, banda de pop-rock
alternativo oriunda de Almada, composta por Alexandre Matias (vocalista),
Cláudio Pinto (baixista) e Ricardo Mendes (baterista). Acabado de sair,
em janeiro de 2019, Your Disorder
caracteriza-se por ser um álbum conceptual que, através de sonoridades e
melodias originais, reflecte e retrata através das mais variadas ideias, a
desordem interior que todos temos. Todos, sem excepção!
Adequado às tendências atuais do panorama
musical, Your Disorder é composto por 9 temas (sendo o primeiro deles um poema
declamado em português), cantados em inglês pela fabulosa voz de Alexandre
Matias mas
com uma alma bem, bem portuguesa!
E é com imenso orgulho que escrevo
hoje a review deste que é o primeiro
álbum de estúdio de um grande artista mas, sobretudo, de um grande amigo meu! O
culminar de um trabalho dedicado de anos e fruto de uma paixão como nunca vi!
Aqui fica a minha opinião sobre cada
tema, numa perspetiva extremamente pessoal e sobretudo de quem assistiu aos
primórdios de alguns destes temas.
Poema
VIII
O álbum começa com a declamação de um
poema (escrito por mim quando tinha uns 15 ou 16 anos), e declamado pelo
reconhecido ator Vítor de Sousa. Este poema fala sobre como somos tudo e nada,
como vivemos tudo e nada, e como este tudo e nada é efémero tanto quanto a vida em si - fruto de uma desordem interior que se fazia sentir já
desde aquela tenra idade. É, por isso, um poema que reflecte a mensagem global
que Alex Page pretendem passar com este álbum. Todos temos desordem interior,
só difere quando nos apercebemos disso e como lidamos com ela ao longo da vida.
Fake
Repressed Desires
O álbum começa com um tom extremamente
fatalista – não necessariamente no mau sentido. Fez-me lembrar Evanescence e eu
fui fã desta banda. Gosto muito do início quase em acapella, a voz do Alexandre apenas acompanhada do som do vento, de
um sintetizador e de um violino. Mas adoro ainda mais que, ao fim de um minuto
e meio (e quase como que um alívio por estarmos a implorar por isto mesmo),
entrem o resto dos instrumentos, a encher a música, tornando-a mais plena. De
destacar a influência de Lana Del Rey em toda a aura da canção, desde a melodia
em si, ao sentimento de fatalismo, e até mesmo na bridge, com a letra “Vodka on the rocks / All these bikini models /
All the vanilla profit / A sweet taste of pies and ice”.
É uma das faixas que mais gosto no
álbum 😊
Framed Pictures
Framed Pictures foi o 1º single de
lançamento do disco e foi uma excelente escolha, na minha opinião! É de facto
um tema cativante, que nos deixa a cantarolar após ouvi-la um par de vezes.
The
Complex
Esta música é esperança. É o newcoming. É uma nova Era. É renascer! É
como que uma lufada de ar fresco.
Esta música, para mim, é a segunda
melhor (já vão saber qual é a primeira melhor) do álbum e atrevo-me a
equipará-la, em algumas partes, a um tema que poderia ter sido escrito pela
Regina Spektor. O refrão é completamente libertador e a bridge final, essa, um grito de revolta delicioso de se ouvir. E
sentir. Extremamente bem conseguido, este tema tem tudo o que se quer de uma
música pop alternativa: faz-nos sentir que, simplesmente, faz sentido
(redundância propositada).
Looking
Com um início muito 80’s, mas ao mesmo
tempo algo futurista, este tema é muito carismático, desde o início ao fim.
Adoro o som das palmas no refrão, remetendo-me imediatamente aos Arcade Fire,
outra banda que aprecio bastante (ou q.b.). No geral, Looking é mais um tema
bastante catchy e bem conseguido.
Morphine
O meu tema absolutamente fa-vo-rito
deste álbum! É sedutor, delicado; acaricia-me a alma e fá-la dançar.
A-dorooooo a cadência das notas de
piano, o cintilar do xilofone, a voz do Alexandre a arrastar-se numa melodia
enrolada e enebriada.
Se costumo quebrar a escala para
músicas que gosto muito (!), dentro do álbum Your Disorder, Morphine é
definitivamente um 11/10.
Well,
Well, Well
Com a participação da voz suave mas
garrida de Sofia Lisboa, este é um tema que surge subtil e vai crescendo em
camadas – começando com um sintetizador meio corky, sendo complementado com um baixo e um piano bem marcados e
constantes, uma bridge a solo,
finalmente culminando num crescendo musical com uma agradável melodia em
saxofone. A forma como as vozes de Sofia e Alexandre Matias se conjugam entre
si oferece uma sensação de harmonia e até mesmo um quentinho no coração.
Fazem ainda parte desta primeira
compilação de originais, os temas Black Grace e La Nuage. Confesso que foram os
únicos dois temas que pessoalmente não me agradaram particularmente.
Mais uma vez, dou os meus mais sinceros
parabéns Alex Page que, com muita dedicação e paixão, tornaram este primeiro
disco possível, num país como o nosso em que o reconhecimento pelas diversas
áreas artísticas é cada vez mais difícil! Conseguiram e conseguem fazer um trabalho de qualidade e que coloca a música nacional num patamar cada vez mais elevado.
Aconselho muito a comprarem o álbum
online (aqui), pois terão acesso aos videoclips conceptuais realizados
especificamente para cada tema. Vale muito a pena!
1 comentário:
Muito obrigado, Cláudia! :D Adorámos a tua review! É bom saber que a mensagem chegou a ti como devia ser! <3
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