domingo, 12 de abril de 2015

Estranheza

Estranheza é grandeza. 

 Pois a estranheza é a porta para outros pensamentos. 

 É estranho tudo aquilo que não pertence a nada. 

 As cores brilham, o tempo pára, e entorpecemos. 

 E que pertence a tudo, a todos nós, ao mesmo tempo. 

 Sinto os poros, as ideias que trazem, a génese do oculto. 

 Pois tudo quanto é estranho, inerente à existência é. 

 O degelo do sentimento. O ser.

C & J


segunda-feira, 6 de abril de 2015

06042015



Poema VI

Nos recônditos da minha sensata lucidez
Encontro picos excêntricos, excentricamente
Loucos.

Nesta realidade que me prende, que me puxa,
Que me veste, que me insiste,
Revisto-me de liberdade, de abundância,
De luz.

Na amplitude da consciência,
Na totalidade do ser que compreende,
Dobro esquinas de brilho,
Percorro estradas de extravagância,
Mergulho em mares de vento solto
Até doer.

Nesta alma matematicamente morta,
Estupidamente viva,
Até doer choro, até doer encontro o choro
Que me faz, apenas, ser.



in Uma Janela Aberta, minha autoria


sexta-feira, 3 de abril de 2015

Uncertainties

Ser livre sem ter liberdade.

Seremos, talvez, livres no pensamento e na alma, mas nunca o seremos na dimensão física e real.


A liberdade é um paradoxo: uma realidade exequível e simultaneamente uma utopia.


É uma ilusão, uma falácia, mas é um direito fundamental e adquirido.

Felizes daqueles que pensam ser livres.

Sermos totalmente livres implicaria podermos fazer (apenas) aquilo que nos dá prazer, vivendo constantemente sob a máxima de evitar todo o tipo de dor e procurar todo o tipo de prazer.

No entanto, não deixa de ser uma realidade utópica: há sempre factores externos que nos impedem de tal.

Um exemplo clássico disso é a "indústria" (que não o deveria ser) da música hoje em dia.

Há pessoas para quem a música é arte.

Há pessoas para quem a música é um produto de consumo.

Uma pessoa que quer fazer música por prazer, e pela arte, e pelo talento que tem, acaba por ter de fazer da sua música um produto de consumo, para poder fazer daquilo a sua vida. 

No fundo, tem de sacrificar a sua própria liberdade (criativa, neste caso, em tantos outros casos liberdades de outros géneros e feitios), para poder viver, a vida, essa, que deve ser o mais livre possível. Curioso, que para podermos libertar o nosso espírito, tenhamos de sacrificar o espírito livre.

Essa pessoa é livre, sim. De criar aquilo que lhe apetece, no sentido mais lato da palavra criação
Mas tem liberdade? Não.

Nunca temos liberdade, apesar de sermos livres para, simplesmente, o querer ser.

C

A música como arte e a música como produto...

O idealismo por detrás desta dualidade é o tão simples afirmar de um gosto ou crença musical que difere de pessoa para pessoa.

E há-os para todos os géneros e feitios. Às etnias e às massas, aos alternativos e aos auto-intitulados ecléticos, e aos que se julgam. Para uns o Tony Carreira e a Ana Malhoa, para outros o Schubert e para os demais porque há um espaço e canto para todos.

Mas... mistura-se o sentimento... aquilo que uma determinada canção diz, o momento que a acompanha, e o mundo inteiro podia dizer-nos o contrário.

E a canção continuava a ser aquela canção. E perdem-se os segundos em que se fecham os olhos e abalroados pelo imaginário sónico que nos assola...

Esta, para mim, será o produto da arte.

J