domingo, 28 de junho de 2015

As dores da minha existência #1

A unicidade da existência é uma falácia sem início nem fim.

Sem início porque nada tem um fim para se iniciar de novo. Os ciclos que começam e acabam, são só ciclos que se repetem em si mesmos, dizemos que começam e acabam para não dizer que o ponto inicial e o ponto final, na realidade, apenas se emergem um no outro.

Tal como as vivências; acreditamos que cada uma é diferente, distinta, única -  mas todas as vivências são diferentes, distintas e únicas, pelo que nenhuma o é, verdadeiramente.

E como seria, se fosse? Como seria se um de nós, e apenas um - de outro modo deixaria de satisfazer o propósito deste cenário hipotético - fosse tão distinto de todos os outros, que nem mesmo a sua distintividade o tornasse apenas em mais um, igual e repetido, como todos os restantes da sua espécie?

Seria uma bênção? Seria um fardo?

Seria tão doloroso ser-se diferente como o é ser-se igual?


 Sejamos diferentes, sejamos inovadores, queiramos ser intensamente como nunca ninguém foi ou alguma vez será. Mas tenhamos sempre presente que nada disso é real... que todas as existências são insignificantes em si mesmas. E por isso são todas diferentes. E por isso são todas iguais.


quarta-feira, 24 de junho de 2015

Do para sempre de todos os dias

Quero a vida sempre assim... com você perto de mim.


A viver os dias do agora que é o para sempre, todos os dias um bocadinho mais infinito.







segunda-feira, 22 de junho de 2015

Sensation-seeking - em (constante) busca por sensações fortes

Sensation-seeking. Constantly yearning to be stimulated; sometimes I can't tell reality from that state of mine in which every little thing is amplified.

The world is not what we see, is what we feel, when we feel it, how we feel it. The world is not what it is for itself; nothing but our own perceptions of it at a given time.

This is the importance of sensing.







quarta-feira, 10 de junho de 2015

A new error - when the different becomes the normal.




O mais íntimo que há em mim um dia focou-se demasiado na normalidade e na sua origem epistemológica, conceptual, abstracta. A preocupação, durante muitos anos, foi a de definir o que era normal (aqui) e daí ser diferente, era fugir de tudo o que o fosse.

Muito descortinei desde então e, hoje, posso afirmar que o mais íntimo que há em mim (já) nada se preocupa com a definição de normalidade. Agora estou-me nas tintas para isso. O meu desafio agora é entender a linha ténue entre o que é normal e o que não o é. No fundo, ser diferente é tido como não sendo normal; é único porque foge ao padrão. No entanto, por esse prisma, não ser normal torna-se no novo normal.

Fugir a um padrão, no fim das contas, acaba por criar um novo padrão. Com infinitas unicidades que elas só, por si mesmas, constituem uma pluralidade. Uma pluralidade de coisas únicas, que acabam por se repetir. 

Somos todos diferentes e, por isso mesmo, somos todos iguais. 

Perante tal cenário, colocam-se duas opções: a indignação e a aceitação. Uma delas oferece resistência, inconformidade, revolta, um desejo incontrolável de mudar o que dizem que nunca irá mudar, "yes we can", "the ones who believe they can change the world are the ones who do"; outra, por outro lado, oferece conformismo, indiferença, resignação, mas, ao mesmo tempo, plenitude e  liberdade para se ser quem é, e viver o que tem para se viver até um dia tudo acabar, sem pretensões ou expectativas - o sentido mais puro do estoicismo.

A grande questão não é escolher; a questão é que podemos adoptar ambas, intercalada e simultaneamente.





sexta-feira, 5 de junho de 2015

Pérolas

E depois há estas... as que se julgam perdidas e que, sem que nada o faça prever, (re)aparecem, renascem e resplandecem.


Porque as certezas - que não o são - são o que nos fazem querer continuar a saborear a vida...






segunda-feira, 1 de junho de 2015

O sol dividido

Um sol quebrado. Partido ao meio. Rasgado como se de papel se tratasse, rasgado com uma leveza e uma naturalidade inerentes a quem é consistente na sua inconsistência. Um sol dividido em metades. Metades que se completam, complementam e simultaneamente se auto-destroem; tão mutuamente exclusivas quanto as faces de uma mesma moeda. Separados, mas em conjunto.

Versatilidade. Corre atrás de si mesma numa busca que é constante, mas que na sua essência acaba por ser falsa; o desejo de se auto-descobrir sobrepõe-se à realidade de que está tudo mais do que a descoberto. Que é uma versatilidade de ser tudo e de não ser nada. E balanceia de um lado para o outro, com a mesma subtileza com que houveram sido criados os dois pólos extremos entre os quais se balanceia. Entre o congruente e o incongruente, o sensato e o nonsense, a terra e o ar, a estabilidade e a liberdade.

Quer e não quer ao mesmo tempo, é e não é, sente e não sente, é tão absurdo este vai e vem de seres, de sentires, esta instabilidade tão permanente de uma inquietude que já se habituou a si própria.

E assim, de dia para dia, a existência torna-se num absurdo absoluto; tem consciência de si mesma, busca-se a si mesma, encontra-se todos os dias de forma diferente. Porque tudo é possível,  principalmente a volatilidade quase irreal ou inimaginável das almas. É confusa e, por isso mesmo, é plena.