sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Alex Page - Your Disorder |


Qual é a tua desordem? O teu “distúrbio mental”? O que te perturba e inquieta?
(já paraste para pensar nisso?!)

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É essa a questão que, em tom provocativo, quer Alex Page deixar para o ouvinte reflectir...

Falo de Your Disorder, primeiro álbum de estúdio de Alex Page, banda de pop-rock alternativo oriunda de Almada, composta por Alexandre Matias (vocalista), Cláudio Pinto (baixista) e Ricardo Mendes (baterista). Acabado de sair, em janeiro de 2019, Your Disorder caracteriza-se por ser um álbum conceptual que, através de sonoridades e melodias originais, reflecte e retrata através das mais variadas ideias, a desordem interior que todos temos. Todos, sem excepção!

Adequado às tendências atuais do panorama musical, Your Disorder é composto por 9 temas (sendo o primeiro deles um poema declamado em português), cantados em inglês pela fabulosa voz de Alexandre Matias mas com uma alma bem, bem portuguesa!

E é com imenso orgulho que escrevo hoje a review deste que é o primeiro álbum de estúdio de um grande artista mas, sobretudo, de um grande amigo meu! O culminar de um trabalho dedicado de anos e fruto de uma paixão como nunca vi!

Aqui fica a minha opinião sobre cada tema, numa perspetiva extremamente pessoal e sobretudo de quem assistiu aos primórdios de alguns destes temas.

Poema VIII
O álbum começa com a declamação de um poema (escrito por mim quando tinha uns 15 ou 16 anos), e declamado pelo reconhecido ator Vítor de Sousa. Este poema fala sobre como somos tudo e nada, como vivemos tudo e nada, e como este tudo e nada é efémero tanto quanto a vida em si - fruto de uma desordem interior que se fazia sentir já desde aquela tenra idade. É, por isso, um poema que reflecte a mensagem global que Alex Page pretendem passar com este álbum. Todos temos desordem interior, só difere quando nos apercebemos disso e como lidamos com ela ao longo da vida.

Fake Repressed Desires
O álbum começa com um tom extremamente fatalista – não necessariamente no mau sentido. Fez-me lembrar Evanescence e eu fui fã desta banda. Gosto muito do início quase em acapella, a voz do Alexandre apenas acompanhada do som do vento, de um sintetizador e de um violino. Mas adoro ainda mais que, ao fim de um minuto e meio (e quase como que um alívio por estarmos a implorar por isto mesmo), entrem o resto dos instrumentos, a encher a música, tornando-a mais plena. De destacar a influência de Lana Del Rey em toda a aura da canção, desde a melodia em si, ao sentimento de fatalismo, e até mesmo na bridge, com a letra “Vodka on the rocks / All these bikini models / All the vanilla profit / A sweet taste of pies and ice”.

É uma das faixas que mais gosto no álbum 😊

Framed Pictures

In a more uplifting and playful tone, chega Framed Pictures. Com uma linha de sintetizador constante e que acaba por ser a baseline caracterizadora de toda a música, a melodia extremamente catchy do refrão e das bridges faz com que este tema fique, mesmo, no ouvido. No meio de toda a euforia, a guitarra elétrica e os instrumentos de sopro (saxofone, trompete e trombone) vão dando o ar de sua graça, como quem diz, olha, também estou aqui.
Framed Pictures foi o 1º single de lançamento do disco e foi uma excelente escolha, na minha opinião! É de facto um tema cativante, que nos deixa a cantarolar após ouvi-la um par de vezes.

The Complex
Esta música é esperança. É o newcoming. É uma nova Era. É renascer! É como que uma lufada de ar fresco.

Esta música, para mim, é a segunda melhor (já vão saber qual é a primeira melhor) do álbum e atrevo-me a equipará-la, em algumas partes, a um tema que poderia ter sido escrito pela Regina Spektor. O refrão é completamente libertador e a bridge final, essa, um grito de revolta delicioso de se ouvir. E sentir. Extremamente bem conseguido, este tema tem tudo o que se quer de uma música pop alternativa: faz-nos sentir que, simplesmente, faz sentido (redundância propositada).

Looking
Com um início muito 80’s, mas ao mesmo tempo algo futurista, este tema é muito carismático, desde o início ao fim. Adoro o som das palmas no refrão, remetendo-me imediatamente aos Arcade Fire, outra banda que aprecio bastante (ou q.b.). No geral, Looking é mais um tema bastante catchy e bem conseguido.

Morphine
O meu tema absolutamente fa-vo-rito deste álbum! É sedutor, delicado; acaricia-me a alma e fá-la dançar.

A-dorooooo a cadência das notas de piano, o cintilar do xilofone, a voz do Alexandre a arrastar-se numa melodia enrolada e enebriada.

Se costumo quebrar a escala para músicas que gosto muito (!), dentro do álbum Your Disorder, Morphine é definitivamente um 11/10.

Well, Well, Well
Com a participação da voz suave mas garrida de Sofia Lisboa, este é um tema que surge subtil e vai crescendo em camadas – começando com um sintetizador meio corky, sendo complementado com um baixo e um piano bem marcados e constantes, uma bridge a solo, finalmente culminando num crescendo musical com uma agradável melodia em saxofone. A forma como as vozes de Sofia e Alexandre Matias se conjugam entre si oferece uma sensação de harmonia e até mesmo um quentinho no coração.

Fazem ainda parte desta primeira compilação de originais, os temas Black Grace e La Nuage. Confesso que foram os únicos dois temas que pessoalmente não me agradaram particularmente.


Mais uma vez, dou os meus mais sinceros parabéns Alex Page que, com muita dedicação e paixão, tornaram este primeiro disco possível, num país como o nosso em que o reconhecimento pelas diversas áreas artísticas é cada vez mais difícil! Conseguiram e conseguem fazer um trabalho de qualidade e que coloca a música nacional num patamar cada vez mais elevado.

Aconselho muito a comprarem o álbum online (aqui), pois terão acesso aos videoclips conceptuais realizados especificamente para cada tema. Vale muito a pena!




1 comentário:

Alex Page disse...

Muito obrigado, Cláudia! :D Adorámos a tua review! É bom saber que a mensagem chegou a ti como devia ser! <3